A Fome
Quem realmente tem fome? Quem passa fome ou quem acumula o que pode perder achando que pode controlar?
Se um dia eu acordar e ver o que há depois do Sol, o que há atrás da volta que não fiz, talvez eu compreenda estar aqui no avesso que posso existir. Os macroscópios não fazem escalas e talvez sejamos apenas outro organismo dentro de outro organismo, como existe em nós e, talvez não consigamos perceber por não estarmos conectados nem a nós mesmos. Não há uma linguagem de comunicação, só temos a fala que serve apenas a nós mesmos, que é mais uma troca de interesses íntimos por códigos sonoros que nem sempre são claros, a quem diga que as línguas foram inventadas para mentir, do que realmente ter uma comunicação que é diferente de uma relação. Nossas sombras nos guiam, não nos emancipamos delas e nos guardamos em cômodos. Não basta saber se existe, descobrir e interpretar, não resulta em nada, só mais sombras e mais cômodos, mais cópia de nós mesmos sem sair do lugar e o tempo passou e a autoilusão que se caminha para a frente. Frente do que?
O vazio aceita tudo e só pode-se ocupar o vazio. O vazio compõe e habita, aquilo que envolve e liga todo o espaço não importando a distancia, uma comunicação total, os olhos enxergam, os ouvidos escutam, etc… e fazemos o contrário, funcionar não quer dizer que as coisas irão dar certo, querendo encontrar respostas onde não há perguntas, os olhos enxergam, a boca fala, o cérebro raciocina, o coração bombeia, etc… pensar ou imaginar é todo o nosso ser e estar envolvido nessa comunicação.
Temo toda doutrina, toda organização porque elas são baseadas no absurdo de nós mesmos em seu flagelo da necessidade de auto consagração.